domingo, 16 de setembro de 2012

GOLFE E PILATES




                                Entrevista de  Africa Alarcon

A importância de uma boa e correta preparação física 
para adquirir um swing que alie 
flexibilidade, potência e equilíbrio, 
 sem comprometer a longevidade da prática


                        


Por que resolveu trabalhar com golfe?
Meu trabalho com Pilates me levou a procurar um ramo para me especializar. Foi quando comecei a dar aulas para um golfista amador. Apesar do handicap relativamente baixo daquele senhor, ele tinha muita dificuldade em realizar movimentos que exigissem flexibilidade, força e equilíbrio. Além disso, ele tinha fortes dores na coluna, ombros e joelhos. Percebi que esse aluno sofria de descompensações físicas severas devido à prática de golfe sem aquecimento ou qualquer preparação física específica.

Após algumas semanas de exercícios para compensar os movimentos unilaterais do golfe, as dores diminuíram, com a conseqüente melhora da qualidade de vida dentro e fora do campo. Foi quando decidi escolher essa área.


E como foi esse começo em uma nova área?
Bem, parti para estudos mais específicos. Durante minhas pesquisas, percebi que a maior parte do material que encontrava era sobre lesões. A partir disso, juntei meus conhecimentos de Pilates e biomecânica com as pesquisas científicas que lia e comecei a trabalhar exclusivamente com jogadores de golfe. Aproveitei para aprender a jogar, o que me ajudou muito a compreender as reais necessidades do jogador.


Continua jogando?
Sim, claro; como parar de jogar golfe depois de descobrir esse esporte maravilhoso? Apesar de todos os meus afazeres, procuro entrar em campo pelo menos uma vez por semana.

Pelo que você disse, a previsão de lesões é algo central dentro de seu método...

Sem dúvida. Manter a saúde é sempre mais fácil do que tentar recuperá-la. 

Por isso, a prevenção de lesões deve ser um fator fundamental no programa de atividade física de qualquer esportista. No golfe sabemos que a incidência de lesões é maior na coluna, ombros, cotovelos e punhos. 

As causas das lesões no jogador de golfe normalmente são defeitos no swing, técnica incorreta, falta de aquecimento e excesso de uso. O excesso de uso, ou overtraining, é mais comum em jogadores profissionais. Treinar em excesso sem dar ao corpo o tempo necessário para se recuperar provoca lesões. 

Uma pesquisa alemã comparou o tempo de treinamento de jogadores amadores e provou que os que jogavam mais de quatro rodadas por semana e batiam diariamente mais de duzentas bolas no driving range, apresentavam um aumento de 50% nas lesões de coluna, se comparados com os jogadores com menor volume de treino. O treinamento da técnica deve ser consciente e com mesura, visando qualidade e não quantidade.






Em que consiste exatamente seu trabalho?
Meu trabalho visa corrigir desbalanços físicos que possam afetar o swing do aluno e provocar lesões. Na maioria dos casos, os defeitos do swing são causados por falta de capacidade física. Durante o aprendizado de uma habilidade aprendemos a técnica do movimento; mas, em muitos casos, saber a teoria e conseguir realizar o movimento são coisas bem diferentes. 

Por exemplo, a falta de flexibilidade no peitoral vai provocar um backswing curto e sem amplitude; nesse caso, de pouco adianta o instrutor incentivar mais amplitude. Outro exemplo: o jogador pode saber que precisa reduzir seu sway e curar seu slice, mas se seu físico não tiver condições para manter o equilíbrio e fazer a transferência de peso, ele não conseguirá sanar essas falhas.

Defeitos como esses, entre tantos outros, estão associados a desajustes físicos e, portanto, podem ser revertidos ou evitados com preparação física adequada. O objetivo do meu método é melhorar o desempenho do jogador, para que ele possa jogar bem por muitos anos por meio de uma mudança de comportamento.



Quais são os procedimentos iniciais que você toma com um golfista que a procura pela primeira vez?
Antes de tudo, tenho uma conversa com o aluno sobre suas necessidades e objetivos. Acho isso muito importante, pois assim podemos estabelecer metas reais que ajudarão a manter a motivação do aluno. No primeiro dia de aula faço uma avaliação física dentro das necessidades do jogador de golfe. Avalio principalmente a articulação de coluna, equilíbrio, transferência de peso, flexibilidade e coordenação.


Quais são os principais pecados que o golfista comete contra seu físico?
O principal é a falta de aquecimento antes de jogar. Como em qualquer esporte, o golfista dever adquirir uma rotina de aquecimentos básicos, e realizá-la sempre que for jogar ou bater bola. 

A falta de aquecimento pode provocar lesões e afastar o jogador do campo. É preciso frisar que bater bola no driving range não é um aquecimento adequado. Nesse sentido, bater bola já parte do jogo, e não aquecimento. 

Outro ponto que gostaria de ressaltar é que jogador de golfe está tão acostumado a sentir dores na coluna e, muitas vezes, considera isso normal. Jogar com dor deve ser evitado ao máximo. Primeiro, porque a dor é um aviso do corpo de que algo não está bem. Ignorar esse aviso só vai provocar mais dores. Ao jogar com dor, a pré-ativação do músculo fica prejudicada, afetando a velocidade de contração e prejudicando o timing do swing. 

A dor lombar, por exemplo, faz com que o músculo transverso do abdômen fique dormente. Esse músculo é especialmente importante, pois atua como um cinturão na coluna, protegendo os discos vertebrais da compressão durante o movimento do swing. Com dor, o movimento fica mais instável, e a manutenção da postura fica prejudicada.


Quais são suas dicas para um jogo saudável?
É preciso aprender a poupar a coluna. Se abaixar corretamente para pegar a bola do buraco, não carregar a taqueira num ombro só, evitar o uso do carrinho no campo e realizar uma série de alongamentos no buraco 9 para aliviar tensões. O aquecimento precisa envolver os ombros, coluna, pescoço, punhos e pernas. Também é fundamental realizar um trabalho de preparação física específico para o golfe, para evitar lesões e melhorar a performance.


Qual a importância de um método didático para a eficiência do ensino de golfe?
É mais do que importante, é fundamental. Para ensinar uma habilidade motora não basta apenas saber reproduzir o movimento. O professor precisa ter a capacidade de transmitir ao aluno. Um bom profissional sabe motivar, corrigir e proporcionar a compreensão do movimento. Ele deve ser capaz de reconhecer as dificuldades do aluno e propor atividades específicas para contorná-las. 

O ensino deve ter uma estruturação e um objetivo em curto prazo, e também deve conter atividades em diferentes situações, além de abranger não somente a técnica, mas a estratégia, desenvolvendo o chamado course management. 

O professor também deve saber atender públicos variados, pois dar aula para um adulto é diferente de dar aula para uma criança. As atividades, o uso de linguagem técnica e o feedback devem ser adaptados às idades para manter a motivação da aprendizagem. Toda essa capacitação surge e se aprimora a partir do estudo e aplicações de métodos didáticos.

Fonte: Africa Alarcon (golfepilates.com)







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22 set 2012 

GOLFE E PILATES: SWING PERFEITO PARA UMA COLUNA SAUDÁVEL







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